Fazer quadrinhos é solitário. A quadrinista costuma fazer todas as etapas do quadrinho, o roteiro, o rascunho, a finalização. São etapas que você faz só. Mas tem um momento em que você compartilha com os outros e eles se tornam coletivos. É nas feiras. Sim, tem as trocas online também, recebo curtidas, emails, comentários. Mas, gente, as feiras. É diferente, sabe.
Ah, eu não sabia como eu queria viver feiras de quadrinhos de novo! As últimas que eu tinha participado já tinham caducado nas minhas lembranças. Recomeçar as feiras pelo Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) foi a melhor estreia que eu podia ter.
O evento distribuiu vale-livros pras crianças fazerem comprinhas nas nossas mesas, eu já fiquei arrepiada quando recebi o email informando. Cada criança ganhou 2 vale-livros, no valor de 15 reais cada. A iniciativa é linda, e a chegada do ônibus das crianças era sempre um furdunço e uma alegria. Os pichuquinhas curioses com tudo, com os quadrinhos, os desenhos, os adesivos… Que lindo ver as crianças apreciando arte. São leitores de primeira viagem e já tavam assim, doidinhos pra trocar os vales por quadrinhos! Quando não gastavam o vale, faziam questão de pegar o cartão de visita pra colecionar os cartões de visita de todas as mesas de artistas.
Eu conversei um monte com quem passou na mesa, apresentando meus quadrinhos e brincando de prever o futuro da pessoa com minha zine “O que você vai fazer quando tudo isso passar?”. Originalmente essa zine, que criei no auge da pandemia, era pra fazer a gente sonhar com o que faríamos quando tudo isso passasse. Não passou, mas já dá pra fazer um monte de coisas. Então agora a pergunta virou sobre o próximo fim de semana, ou só o futuro.
Às vezes a vida vem pronta pra virar um quadrinho.
Oiii, gente! Caramba, os últimos meses passaram voando e eu mal tive tempo de vir aqui. Felizmente eu rascunhei essas tirinhas das feiras que eu participei nesses meses e consegui vir aqui agora compartilhar com vocês, ufa!
Em agosto, fui ao FIQ, em Belo Horizonte. Voltei a Recife recarregada de inspiração e ao mesmo tempo numa ressaca profunda. Cinco dias de trocas intensas e contato direto com leitores e quadrinistas é maravilhoso, reenergizante e cansativo na mesma medida. Como explicar? Comprei um montão de quadrinhos que eu tô doida pra ler, até agora não toquei em metade do que comprei. Dividir mesa com a Jéssica e passar o evento com a Laura e a Gabi foi tudo o que eu podia pedir pra Nossa Senhora dos Quadrinistas, com risadas e sintonia, e encontrar tanta gente de quem sou fã, abraçar, comprar e trocar quadrinhos pela primeira vez desde a pandemia foi revigorante.
Em setembro, participei da TopTop! Convenção em João Pessoa, com mais encontros e previsões acertadas feitas pela minha zine come-come (ver tirinha VIDENTE). E agora, no último final de semana de novembro, participei da Feira Miolo(s), em Olinda. Minha primeira feira de publicações aqui em Pernambuco, e foi tão maravilhosa! Dividi mesa com o lindo Aureliano, conversamos tanta coisa sobre desenho, quadrinhos, sonhos, trabalho, burnout… Assuntos que costuraram meu ano e que quero muito desenhar e trazer para cá. Meus amigos de Recife foram me ver na minha mesinha e me senti tão feliz e prestigiada. Conheci pessoas que já acompanhavam meus quadrinhos e novas pessoas que se interessaram por eles. Conheci mais uma ruma de artistas maravilhosos, do Brasil inteiro, e principalmente daqui.
Quero continuar participando de muitas mais feirinhas no ano que vem. Continuar criando, desenhando e aprendendo. Foi mais ou menos nessa época do ano passado que eu comecei a fazer O Caminho do Artista, experiência já contada aqui, e agora, um ano depois, vejo como eu me norteei pelo que entendi com o livro.
Por exemplo, de agosto a novembro eu fiz um curso semanal de ilustração. Aula toda quinta-feira, e toda tarde de domingo virou ritual me dedicar às tarefas do curso. Na primeira semana, fizemos ratos, depois um leão, depois árvores, flores e folhas. Em seguida, juntamos todos os elementos com o rato e o leão numa floresta. Foi quase mágico ver a floresta surgir com os pedaços de ilustração que eu já tinha criado nas semanas anteriores. Isso de quebrar uma tarefa maior em tarefas menores funciona mesmo, né? Ao longo do curso, fomos ilustrando a fábula O Leão e o Rato em três imagens, com todos os elementos que já criamos. Você conhece essa história?
Eu nunca tinha ilustrado uma história. Só histórias em quadrinhos, o que é bem diferente. Amei trabalhar com restrições (apenas duas cores, recortes e colagem) e perceber que nelas há infinitas possibilidades. Recomendo demais o curso da Usina de Imagens, esse que eu fiz foi o módulo de Morfologia. Aprendi tanto que ainda nem dá pra medir quanto e como isso está mudando o meu jeito de criar. Em algumas aulas, eu senti como se eu não soubesse de nada! Em outras, um mundo de possibilidades se abria com tanto conhecimento embrulhado em novidade.
Uau, chegou bastante gente nova aqui na newsletter nas últimas edições, sejam muito bem-vindes! Esse ano eu enviei 10 edições, o que certamente é um recorde pra mim como autora de uma newslenta. Por aqui as edições são assim: quadrinhos e texto. Na maioria das vezes são quadrinhos autobiográficos, mas nem sempre. Eu também gosto de recomendar quadrinhos que tenham a ver com o assunto da vez ou falar do que eu estou lendo. Fica à vontade para responder esse email como um email normal, comentar e recomendar a alguém que você acha que vai gostar também! Essa aqui é a última edição do ano, em janeiro eu tô de volta ou com um relato das minhas férias ou com boas expectativas pro ano que vem. Quem sabe os dois!
Abraços festivos,
AAAAAAAA Fiquei tão feliz de saber que tu é do Recife, sou nova aqui e é bom ver gente da minha terrinha com newsletters :)
Adorei todas as tirinhas, mas a da BOLSINHA sempre será minha preferida 💜