Eu comecei a fazer o caminho no final de novembro, e durante todo o período que as 12 semanas duraram (que foi bem mais de 12 semanas), sinto que transpareci pro mundo inteiro que estava fazendo a jornada. As pessoas cruzavam comigo na rua e me paravam pra perguntar: “Jana, você está fazendo O Caminho do Artista?” só pra eu responder passando a mão no cabelo: “Nossa, você percebeu?”. Recomendei o livro para várias pessoas, li trechos dele pra minha roomie, falei exaustivamente na terapia. A minha produção de quadrinhos aumentou significativamente esse ano: eu já fiz mais páginas de quadrinho do que em todo o ano passado! Recebi um convite e ministrei uma oficina de zine na Biblioteca Estadual do Ceará (BECE), que foi maravilhosa. Fiz meu primeiro curso da Domestika, de tantos que venho comprando desde 2020. Comecei um novo caderno de desenho. São pequenas coisas, mas tô bem feliz.
Não fiz todas as tarefas que a Julia Cameron propõe, simplesmente porque isso não me pareceu possível. A não ser que você se comprometa exclusivamente com o livro, não tenha outros compromissos e seja extremamente disciplinada. Alguns exercícios não faziam sentido pra mim (bregas e esotéricos demais, ou não eram questões na minha vida), outros eu esquecia ou não tinha tempo. Separei algumas horinhas por semana para dedicar à minha criatividade e esse esforço consciente já valeu muito. Com um trabalho de 40 horas semanais, mais o trabalho doméstico, mais as horas de atividade física (são muitas pois agora sou uma atleta - mas isso é assunto pra outro mês), sobra pouquinho tempo, e mesmo assim eu tentei canalizar nisso, em vez de deixar pra quando “der vontade”. Frequentemente a vontade acaba na gente zapeando nas redes sociais, né? O livro vem de um lugar de bastante privilégio, não só pela disposição do tempo para dedicar à criatividade, como pela própria valorização do trabalho criativo. Sabemos que essa valorização, aqui no Brasil, ainda mais nesse governo, vem acompanhada do prefixo “des”. Não tá muito favorável ser criativo no momento, mas a gente insiste porque, como a própria Julia Cameron diz, é mais difícil não ser.
O caminho acabou, mas quero manter as páginas matinais de vez em quando, quando estiver precisando despejar sentimentos. Eu nunca fui uma assídua escritora de diários, mas sempre gostei de tê-los. E realmente tem uma diferença naquilo que aparece na escrita quando você escreve com frequência. Mas acordar meia hora mais cedo pra escrever as 3 páginas, que é o que a autora sugere, foi um pesadelo pra mim que tenho uma rotina de sono difícil - eu só fiz isso no comecinho.
Quero com certeza continuar os encontros com minha artista. Tem vários que não fiz e são muito legais pra ficarem na gaveta. Até peguei algumas dicas de outros leitores:
visitar museus online
desenhar ou pintar ao ar livre
experimentar um novo material de arte
festinha dançante em casa
dia de spa em casa
fazer um marca-páginas
pintar uma arte na calçada
passar uma noite folheando livros de arte e cadernos antigos
fazer origami
assistir ao nascer ou ao pôr-do-sol
Que coisas divertidas você faria para se encontrar com sua artista interior? E o que você já faz?
Meu desejo de estar ativamente fazendo arte, criando, está mais forte do que nunca. Ao longo dos anos, a procrastinação de algo que eu gosto (desenhar) aconteceu por conta de inúmeras coisas, inclusive coisas boas. Eu posso mesmo me considerar artista? A resposta curta é que sim, claro. E a resposta média é que eu quero ser mais artista do que isso. A resposta longa eu quero construir aos pouquinhos.
Se a minha experiência te estimulou a tentar também, eu com certeza vou querer saber como vai ser pra você! Sugiro ler também a experiência da Babi com o caminho. E independente de seguir a oficina como proposta, recomendo de coração praticar encontros com sua artista interior. Leve sua artista pra passear, separe um tempinho pra ter um date bem gostosinho, brinquem juntes, descubram coisas novas. Vai ser demais.
Obrigada por me acompanhar na minha jornada artística, e que venha muito mais!
Abraços criativos,
Será que todo mundo pode ser artista... ou é de algum modo? Acompanhar vc fazendo o caminho da artista, por vezes, me deu vontade de fazer. E empaco no "e se eu for uma artista?" "e se eu não for?" Indagações que me inclinam mais a fazer do que não fazer... Veremos!
Ai Jana, gosto tanto de tu e do teu trabalho <3
Amei ler tudo. Já tinha começado a ler o livro mas parei logo no comecinho. Ver vc passando por essa jornada me dá um incentivo em tentar. Haha