Oi, gente!
Logo depois do meu diário, um dia inteiro em quadrinhos. O Hourly Comic Day é um desafio de desenho que acontece todo 1º de fevereiro e que quadrinistas do mundo todo desenham cada toda do seu dia. É intenso, cansativo e divertido! No dia, eu fiz o quadrinho a lápis e cobri a caneta depois. Ai, esse dia foi muito diferente do que eu tinha planejado, nada do que eu pensei que ia desenhar aconteceu, nem desenhei as pessoas que queria. A vida não tem sentido narrativo, e esses imprevistos vem no pacote.
Como sempre, eu recomendo a todes experimentar esses desafios de desenho porque a gente aprende e sofre tanta coisa. Você fica mais resiliente depois da humilhação de desenhar seu dia sem graça, aprende a romantizar a sua vida e aceita que esse quadrinho não vai ser sua obra prima, mas que é pelo menos interessante. Eu acompanho muitos quadrinistas que fazem ano a ano e adoro acompanhar suas vidas anualmente naquele dia. A Lucy Knisley compartilha os melhores momentos da sua família maravilhosa e ainda aproveitou pra reunir um monte de quadrinistas pra desenhar junto, a Vera Bee é a quadrinista mais padeira e confeiteira que acompanho, e sabe bem relacionar a vivência cotidiano com reflexões maiores. Eu também fiquei feliz demais em ler os hourlies dos meus amigos da universidade que participaram também. Áurea, Júpiter, Teresa, a gente não se encontrou nesse sábado, mas fizemos algo juntos a distância e isso foi lindo! Ano que vem podemos nos reunir aqui em casa pra desenhar junto.

Em outros assuntos, esse ano já participei da minha primeira exposição! Ana Lisboa, professora de gravura da UFPE, reuniu o pessoal do grupo de extensão para fazer autorretratos em grandes dimensões. Trabalhamos em matrizes de neolite de 72 x 102 cm e imprimimos em papel e em tecido. Com um prazo curtíssimo para produzir, recorri a ideias anteriores e me desenhei trabalhando no meu projeto de autorretrato maior: meu diário ilustrado. Na verdade, pensando em autorretrato foi inevitável voltar ao meu grande projeto de autoficção. Adorei a oportunidade e fiquei incrédula que uma exposição seja capaz de nascer em duas semanas. Como a gente brincou: com quantas pessoas se faz um autorretrato? Eu não teria conseguido sem o coletivo.
Um dia ainda venho aqui só pra falar de gravura, sobre o que tenho feito e aprendido - principalmente muita resiliência e insignificância. Depois dessa, temos uma madeira de mais de um metro pra trabalhar, que é quase do meu tamanho. Se eu consegui essa em apenas uma semana, acho que eu consigo a madeirona. Ou será se eu consegui justamente pelo prazo apertado? Detesto viver na correria, mas ela tem sido constante e devo admitir que também eficaz em fazer a gente terminar as coisas.
Obrigada por chegar até aqui, acompanhando minha vidinha de artista e dona de casa latinoamericana! Eu ainda não consegui responder os comentários da edição passada (é difícil mas sou uma só), e por isso já agradeço aqui as respostas e retorno. Eu chego já pra responder porque adoro o retorno carinhoso. Nem eu sabia que esse projeto ia virar algo tão querido pra mim quando comecei. Recomendo ficcionalizar a própria vida, mesmo quando ela parecer sem graça. É no mínimo interessante.

QUE COISA LINDAAAA
Que leitura gostosa, Jana! Feliz demais de acompanhar suas aventuras do dia a dia ♡