Apaixonada por aniversários

Piqueniques, amigos, família e a minha receita favorita de aniversários

Esse quadrinho foi enviado originalmente em 30/05/2018 na primeira temporada da Cabelo-nuvem.

Eu sou uma apaixonada por aniversários. Gosto muito de comemorar e levo muito a sério as comemorações. Esse ano estou comemorando aqui em Recife, essa cidade em que eu moro de novo há 3 anos mas que passei dois aniversários dentro de casa. Dois!!! Teve festa no zoom, teve quiz da Jana, drinks a distância e presentes em desenho, em comida, em vídeo, em flores. Foi gostoso porque era o que tinha, e eu me senti muito amada mesmo com toda a distância de todo mundo. Mas a vontade esse ano é de encontrar e abraçar as pessoas. Estou fazendo 31 anos. Não consigo acreditar que já faz mais de um ano que tenho 30 anos. Trintar é coisa séria, viu? Agora toda vez que conheço uma pessoa jovem muito mais jovem eu sinto vergonha da minha idade e fico confusa sobre o que responder pros comentários de “mas nem parece!”. É bom que pareça, né? Eu já vivi tudo isso. Quero que pareça que vivi. E envelhecer é bom, significa que estou viva. Eu sei de tudo isso. Mas tô em crise assim mesmo. Pensar que já vivi os 20 e tantos anos inteiros é mesmo muito doido. Vivi muita coisa diferente. O que vou viver nos 30? O que já estou vivendo?

Tem uma expectativa boa mas uma vertigem também. Esse ano com 30 foi ruim mas foi bom. Me senti muito confusa mas de alguma forma cheguei a entendimentos importantes sobre mim. Não sei onde eu esperava estar aos 30 anos, nunca escrevi uma carta pra essa minha eu do futuro. (Você já fez isso?) Sei que a minha eu do passado ficaria profundamente decepcionada e profundamente impressionada com fatos do presente. Mas, pensando aqui com meus botões, tem uma coisinha que eu certamente ficaria orgulhosa de ter mantido em mente: não perder a alma de criança.

Outro dia fomos fazer um furo no banheiro e tinha o risco de atingir a tubulação de água, um risco reduzido, abaixo de 1%, mas ainda assim um risco. Eu peguei o Ninoco, meu gatinho de crochê, e Ju, Ninoco e eu fizemos uma corrente de energia positiva enquanto o nosso vizinho Bruno furava a parede. Nenhuma tubulação de água foi encontrada, então eu qualifico a corrente como um grande sucesso. Quando estou vendo um filme que me deixa triste ou angustiada ou nervosa, pego o Ninoco e ponho no colo. Obrigada, Ninoco, por existir. (Eu que fiz!)

É que quando eu era criança e adolescente, eu era muito velhofóbica. Eu via os adultos como seres que tinham perdido a magia, sérios demais, sabiam de tudo mas na verdade não sabiam nada do que importava. Eu não entendia porque crescer, se era pra me tornar uma pessoa tão desencantada. Os adultos não gostavam de desenho animado nem de brincar no chão. Os adultos não levavam as crianças a sério. E eu dizia a mim mesma que simplesmente não podia me tornar esse tipo de adulta. Eu seria uma adulta incrível. Valter Hugo Mãe escreveu que “é urgente viver encantado”, e eu entendo daí que precisamos manter nossa alma de criança. “Quem se desilude morre por dentro”, ele escreveu também.

Tô com boas expectativas pros 31. Um dos entendimentos é que eu estou com uma saudade expressa das amizades presenciais. Muita saudade! Por isso hoje vou ali no parque do Jaqueira comemorar meu aniversário com um piquenique de novo. O cardápio? O cachorro-quente de cenoura que é um sucesso nas festinhas, brincadeiras de adivinhação e um monte de gente querida.

Eu vi a careta. A moça do caixa onde a gente comprou o pão ficou horrorizada com a ideia. Você também achou estranho cachorro-quente de cenoura, né? Eu já achei também. Mas te juro que você vai se surpreender com essa receita, que é muito fácil, gostosa, saudável e amiga dos animais. Segue abaixo para aniversários gostosos e felizes.


Cachorro-quente de cenoura

Ingredientes:
cenouras
cebola
alho
molho de tomate
catchup
mostarda
shoyu
sal, pimenta
temperos a gosto (eu gosto: cominho, páprica, orégano)
pães

Modo de fazer:
Corte as cenouras em rodelas (eu gosto de deixar a casca pela textura, mas para isso use cenouras orgânicas!) e cozinhe até ficar al dente. Escorra e deixe as cenouras marinando no molho shoyu e nos temperos por pelo menos meia hora. Elas vão ficar com um sabor incrível! Enquanto isso, refogue a cebola, o alho e faça o molho de tomate. Eu gosto de colocar catchup e mostarda no molho. Pegue as cenouras e coloque no forno para secar e dar uma caramelizada (ou você pode refogar na frigideira, mas eu sempre acho que o forno dá um tcham). Depois, misture tudo e tá pronto! Como acompanhamento, batata palha. E guacamole para um cachorro-quente chileno (já comi e aprovo!).
Outra opção de molho de tomate é: coloque os tomates (se tiver paciência, sem sementes) e uma cabeça de alho no forno para assar. Quando estiver bom, bata tudo no processador e tchans! Não precisa nem temperar, já fica um sabor incrível.

O aniversário é dia 20 de abril, mas ainda tô aceitando os parabéns até o fim do mês, viu? ♥

Obrigada por estar aqui comigo!

Abraços da aniversariante,